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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Condição Solar

Sou mulher, humana
O que é humano, a condição
labor
ação

Sou velha, tigra
O que importa, que condição
bobagem
enganação

Quero amor, paixão
Um lastro de sangue em minha mão.

Aqui não sol, aqui não estou.
Derrete, escorre... Passou, pousou.

Aqui.
Sou.

Sou o blues, o velho blues da escuridão.

Das que espalham arte por aí

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Poesia de barbante

Poema ficou pendurado.
Ainda não é poema,
Não é mais imaginação.
Ainda não.

Não-poeta escreveu,
Desfiando (des)fios
Não-poesia surgiu,
E o fio!

Entrosado em uma teia
Poema se desvencilhou.
Chorou um, dois amores,
C
        A
                  I
                           U

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Fotografia

      Lívia comia uma maçã enquanto ele dormia. Ela sentia a tensão dos músculos de Afonso saindo do seu corpo quase nu e aos poucos escorrendo para baixo do sofá. Ele dormia, e o ar ao redor dele ressoava. Ela olhou pela janela. A primeira luz da manhã entrava com sua forma retangular e iluminava a sala e o sonho de Afonso, deixando-a com a sensação de que o tempo havia parado por alguns segundos.

      Lívia colocou o resto de maçã no lixo da cozinha, deixou um bilhete na mesa ao lado do sofá e saiu.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Nem maestria nem, burguesia nem

O lado que não tem lado
que deixou-a de lado
Marrocos e mordomia
intervenção, alegoria.

O lado ao lado que
nunca quer que nunca
sente que poderia
querer você. Alegoria.

O lado à frente
nunca dorme
nem sente
nem lê
e canta, e canta como
se outro dia houvesse
na alegoria.

E o lado à cima nem
nunca vê, nem imagina.
nem nunca dança nem.
Alucina, nem nunca,
nunca mede, o tamanho
da poesia que vive e vive
e dança e lança, sua maestria
na maresia da burguesia.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Com preto completo

Nada completo,
quando não me completo.
Nada incompleto,
quando estou repleto.

Pleto, no preto.
No preto, o pleto.
Nada de amor,
Se és seleto.

Música alta.
Língua que exalta.
Paixão em falta.
Povo astronauta.

E se fala a fala,
Mais um dialeto.
Da grande ala,
Do povo incompleto.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O lugar mais frio

sombra de vó
Um triste brado
que vai com tu
que vai com tudo
que vai contigo
que vai em vão.

Uma existência lenta
que vem cambaleando
que vem girando
que vem lançando
sua imensidão.


domingo, 4 de agosto de 2013

Pra dizer que já te apreciei

by  Kesler Tran
Um beijo como
Quem quer beijar.
Assim amando
Assim gostando
Do sentimento, de gostar, de almejar.

E me desejar, e se deleitar.
Beijar como se quer,
Como se quer beijar.
Como velhos animais
Que somos nesse velho mundo.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Suspiro de sol

Santa Maria - RS

E nesse inverno o sol nasce
e não aparece para ninguém
que quer e finge que
que quer lembrar que
sol que nasce hoje
sem querer
quase que
sem lembrar
vai voltar
a aparecer.


sábado, 6 de julho de 2013

Transformando-se em arte

Eu vivo a arte
de um jeito lento,
belo,
de um jeito quase que tragicômico.

Eu vou à rua fotografar,
e me afogo na solidão da observação.

Vou ao teatro olhar ballet,
e me entristeço com a nostalgia de interpretar.

Eu vou à biblioteca trocar meu livro,
e me afobo escrevendo quase no ar.

Eu quero arte, quero ser arte, quero que cada célula minha respire arte.

Eu quero teatro, quero doces, quero cores e não ter senhores.

Eu quero fazer a arte pela arte. O belo para mim é tão belo que acaba sendo belo para os outros também.

Eu quero a prática, a busca dessa utopia inimaginável que é a eternidade na falsa perfeição.

Santa Maria - RS

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Amor minimalista

então você toma uma café com gosto de sal
bebe água morna da pia antiga
caminha o bastante para acabar com o dia

então você esquece quem foi
quem vai ser
quem é

então lê Leminski ao pôr do sol
atrai alguém com olhos castanhos
lembra do dia em que me viu sozinha

então simplesmente esquece quem é
torna as coisas mais fáceis, mais leves
mais simples, sem rimais, sem peles

então termino o poema
sem amor pra doar
sem amor pra te dar.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Boemia ao léu

Deem olá aos cosmopolitas,
à sopa,
opa,
não tomem sopa.

Mas tomem um porre na ida
porre da verdade
porre de vida.

Joguem fora as colheitas,
os cigarros, as receitas.

Mandem embora as terapeutas,
os hipócritas, as farmacêuticas.

Gritem para o céu,
ao léu, para o beleléu.

Comprem livros surrados,
os mais velhos, empoeirados.

Escutem discos inteiros,
sem dinheiro e nenhum roteiro.

Deem adeus aos cosmopolitas,
à sopa,
opa,
esqueçam a sopa.

Mas bebam um porre de vinho.
Bingo!
Boêmios, lembrem do vinho!


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Harvest

Política;
história; 
direito;
sociologia; 
economia.

Acho que estou apaixonada, as Relações Internacionais conquistaram meu coração e me sinto feliz quando penso que estou investindo meu tempo e vontade em algo que realmente vale a pena para mim, me satisfaz e me engrandece como pessoa. Nesse momento, sinto que não poderia ter feito uma escolha de curso melhor.

Que esse amor não morra com os próximos semestres, e que Harvest aqueça o coração de todos os seres que ainda não descobriram como alimentar o amor pela academia. Nova fase, novos álbuns.


E agora, vamos ao Bauman!

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Amor em solavancos


Os meses se dissolvem,
Passam rápidos atrás de mim.
Ve/
Rão/
De amor.
Amora de paixão.
Outono gritante.
La/
Ten/
Te/
De frio.

sábado, 30 de março de 2013

Leituras de Março

Aqui vão as leituras de março!

Filme Laranja Mecânica dirigido por Stanley Kubrick

Laranja Mecânica de Anthony Burgess ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

Perturbador. Foi como se tivessem me puxado pelo colarinho com uma máquina de pegar ursinhos e me levado para dentro do mundo de Alex. Esse garoto maluco, doido e projeto de um estado terrivelmente forte. As palavras novas criadas pelo autor ajudaram nesse estranhamento, fazendo a leitura se tornar densa no começo. O estranhamento não passa totalmente ao longo do livro, mas o faz se tornar incrivelmente original. Com Laranja Mecânica fechei meu trio distópico (1984 e O admirável mundo novo) e percebi que não sou livre, você não é livre, ninguém é livre. Agora é só descobrir as amarras que me prendem, indico.

A valsa dos Adeuses de Milan Kundera ♥ ♥ ♥

Quase dancei ao ler esse livro. As histórias se entrelaçam de tal maneira que realmente senti estar em uma valsa. Esterilidade, aborto, existencialismo e falsa compaixão, esse livro envolve tudo isso. Até onde vamos por um amor, pelo amor próprio e por aqueles que pensamos amar? Não é o melhor livro de Kundera, mas a leitura foi fácil e rápida, principalmente pela história se passar em apenas cinco dias.

Ninguém escreve ao Coronel de Gabriel García Márquez ♥ ♥ ♥ ♥ 

O quanto a burocracia pode travar uma vida? O coronel espera há anos por sua aposentadoria que nunca chega, seu filho morreu e sua mulher vive doente. Tudo que ele tem é um galo de briga e uma casa hipotecada. Toda sexta-feira o coronel vai até o correio ver se sua aposentadoria chegou e nunca há nada para ele. Quase um conto de tão curto, história emocionante e triste. 

A brincadeira de Milan Kundera ♥ ♥ ♥ ♥

Senti o peso que esse livro teve na época em que foi publicado, contém críticas duras ao comunismo e tudo que acontecia nas entranhas de Praga quando a Rússia a invadiu. Kundera é o rei de como envolver história, política e amor em um só livro. Como é um dos primeiros livros escritos por ele dá pra perceber claramente a distância da escrita desse livro até o que eu considero sua obra prima, A insustentável leveza do ser. Indico, sem dúvidas, mas a diferença desse para seus outros livros é gritante.

Gabriel García Márquez
"Mas quem era eu de fato? Sou obrigado a repetir: eu era aquele que tinha muitas caras. Durante as reuniões, era sério, entusiasta e convicto; desenvolto e brincalhão em companhia dos colegas; elaboradamente cínico e sofisticado com Marqueta; e, quando estava só (quando pensava em Marqueta), era humilde e encabulado como um colegial. Essa última cara seria a verdadeira? Não. Todas eram verdadeiras: eu não tinha, a exemplo dos hipócritas, uma cara autêntica e outras falsas. Tinha muitas caras porque era moço e porque não sabia eu mesmo quem era e quem queria ser."

Milan Kundera em A brincadeira 

Bom, minhas férias acabaram, estou me mudando e segunda já me cadastro na Biblioteca Municipal de Santa Maria... Mas não espero muito de mim nos próximos meses, sério, 12 livros lidos só esse ano, haja fôlego e amor no coração!

quinta-feira, 21 de março de 2013

Dissecando poesia

Paulo Leminski (1944-1989), poeta curitibano.

Incenso fosse música

isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além

Leminski


Dissecando "Incenso fosse música": o que queremos ser, já somos. Por que o que está dentro de nossa alma, já significa o que a gente verdadeiramente é. Se você quer ser um engenheiro, joga lego desde a infância, constrói castelos na areia, dentro de você, você já é um engenheiro. Buscar o que é sonhado e não sê-lo somente no mundo abstrato faz você ir além.

Por outro lado não há como fugir disso. Incenso nunca será música. Uma semente sempre será uma árvore e o ir além é somente uma evolução da nossa própria essência. Do que já somos.

A moral do poema é não se afligir por ainda não ter chegado onde deseja, pois você já é aquilo que quer ser.

terça-feira, 19 de março de 2013

Puta continental

Clark Gable & Carole Lombard

Putas também amam
também amam poesia
putas não são putas
só tem mais alegria

Putas não existem
somos todos animais
machismo generalizado
nas esferas continentais

Putas da memória
triste é não sonhar
sociedade pervertida
sem mais putas para amar.


sexta-feira, 15 de março de 2013

Os leões da literatura

Vai, Carlos! ser gauche na vida
Carlos Drummond de Andrade

Toda palavra nasce condenada. Um livro é a profusão de tudo aquilo que o autor não quer mais pra si. Ele quer largar para o mundo, para o mar, para o céu e aos quatro ventos. Um conto é uma pequena amostra daquilo que pode vir a marginalizar a sociedade. Do que um dia pode vir a se tornar... Livro. Os livros são a depravação do que está intacto, estão todos limpos da poeira sangrenta de tantas histórias inacabadas. E essas pavorosas histórias matam a sangue frio. Mantendo-se sempre intactas.

Liberta de si, coitada, ela achava que estava.

O corpo é a prisão da alma, a alma, um inocente condenado a morte. A morte a antítese de qualquer livro.

Ria sozinha, indiscreta, liberta de si; lia.

Um romance que se preze vem com lágrimas nos olhos. A literatura mata, lentamente, todos aqueles que à ela tentam se impor. Os deuses irreais de todas os velhos reinos. Imune ao tempo, à guerra, ao drama pós-moderno. É a deusa mãe de todos os livros, mesmo dos contos marginais, que ainda estão para nascer.

Coração maluco, lê uma nota no jornal e descobre aterrorizado: a literatura eterniza. Palavras condenadas a viverem para sempre. Condenadas a vencerem todas as lutas e matarem todos os leões. Leões esses, que sempre se vão com o tempo.

Lia sozinha, liberta, ela chorava.

domingo, 3 de março de 2013

Leituras de Fevereiro

Já fazem três dias que março chegou, mas nunca é tarde para demonstrar amor por livros, então...

Ernest Hemingway

O livro do riso e do esquecimento - Milan Kundera ♥ ♥ ♥ ♥

Um híbrido entre a história e a ficção. Uma mistura de fugas, amores e medo. Um bom livro de contos, que fez crescer ainda mais meu amor pela República Tcheca e sua capital, Praga. Dos três livros que li de Kundera, esse é o mais pesado, tanto no medo do governo que os personagens sentiam, quanto no peso existencial de cada caractere ali descrito.

A Queda - Albert Camus ♥ ♥ ♥ ♥

Esse livro é um emaranhado de frases duras, carregadas daquilo que somos e ignoramos. É como uma conversa com um amigo que fala o que você é sem papas na língua e sem medo de ver no seu rosto a decepção e a vergonha. Camus escreveu esse livro em forma de monólogo, e mesmo sendo um livro curto, pode ser uma leitura um pouco demorada, justamente pela carga que cada parágrafo traz consigo. Um livro bom.

O sol também se levanta - Ernest Hemingway ♥ ♥ ♥

Os livros do Hemingway sempre me deixam meio perdida depois que eu acabo de lê-los. Eles são crus, puros e limpos. E depois da leitura é difícil saber o que pensar de algo tão diferente. Ainda não decidi se gosto de Hemingway pra valer, mas os livros dele sempre acabam me deixando um pouco tonta, tamanha a verdade neles inserida. "O sol também se levanta" era pra ser uma documentação pós-guerra, porém para mim foram dias de bebedeiras infindáveis de pessoas ricas e sem nenhuma preocupação. Fiquei de porre com eles, e no fim achei tudo muito natural, assim como eles. É um bom livro pra quem nunca leu nada desse escritor norte-americano e quer começar com o pé direito com a bela fiesta espanhola.

Risíveis amores - Milan Kundera ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

Kundera é maravilhoso. "Risíveis amores" quase desbancou "A insustentável leveza do ser", também de Kundera, na minha humilde lista mental. Não o fez, apenas pelo fato de não ser uma história só e sim sete, por isso criar carinho pelos personagens fica mais difícil. As sete histórias mostram o ridículo do amor, as ilusões, as traições e  aquilo que está inerente em todos os relacionamentos humanos: a mentira. Uma das histórias que mais gostei foi "O jogo da carona", um casal de namorados começa a brincar que são desconhecidos, ela finge pegar uma carona com ele e eles se apresentam como se nunca tivessem conversado. Acabam descobrindo coisas um sobre o outro que somente um amante - no estilo mais vulgar possível - poderia saber e jamais eles mesmos, sem essa teatralidade. Um livro ótimo, que com certeza indico.


O mês de fevereiro foi produtivo, espero que março também seja. Estou lendo agora "Laranja Mecânica" do totalmente maluco Anthony Burgess.

"As crianças também não tem passado, e é esse todo o mistério da inocência mágica do seu sorriso."
Milan Kundera em O livro do riso e do esquecimento.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Lilly


Lilly tinha mania de grandeza sexual. Não era um beijo no rosto, não era um abraço apertado, não era um aperto de mãos. Eram segundas intenções.

Quando a noite caía, Lilly costumava sair de casa e passear ao relento. Ia sozinha e mesmo nos dias frios, sem nenhum agasalho. Na visão de Lilly, sair sem agasalho era essencial para caminhar à noite; queria sentir frio. Sentir alguma coisa. Sentir que precisava ser amparada.

A pele arrepiada, os lábios trêmulos, as tentativas irriquietas do próprio corpo tentando se aquecer. Para ela, tudo isso fazia parte da doce aventura de estar viva. E enfim, não sentir-se mais tão só.

Lentamente, ela era embalada pelo frio, e quando chegava em casa, Lilly dormia. Dormia um sono profundo, um sono leve, um sono que só aqueles que amamos podem nos dar.

Lilly amava o frio.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Leituras de Janeiro

Como assim fui assistir Into the Wild só semana passada?! 

Meus dedos coçam, caçoam de mim, estou destreinada pra escrever em um blog.

Novidade do mês: passei no vestibular, sou a mais nova estudante de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Orgulho da mamãe.

O novo ano veio cheio de tempo pra dar e vender, sem precisar estudar pra vestibular nenhum e mais calma por saber que já estava dentro da federal, comecei esse ano lendo sem parar. Vou falar um pouco sobre o que li esse mês, pois acho que a maioria dos livros merecem indicação.

O amor nos tempos do cólera - Gabriel García Márquez ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

Um livro escrito com as entranhas, segundo o próprio Gabo. É o livro fascinante do ainda mais fascinante escritor colombiano Gabriel García Márquez. Uma história sobre os 50 anos de um amor imortal. Mostra que o amor não tem idade para acontecer e que a até mesmo a paciência pode ser sombria. Um romance épico. Indico.

O último olimpiano - Rick Riordan ♥

Para quem leu a saga inteira e tem menos de quinze anos vale a pena, se não, não. Esse livro estava parado a mais de um ano na prateleira, aproveitei as férias para acabar com a culpa moral que sinto ao ver que tenho livros que nunca li. Fraquinho, muita aventura e sem espaço pra respirar.

Admirável mundo novo - Aldous Huxley ♥ ♥ ♥ ♥

Distopia bem elaborada, me lembrou muito 1984 do Orwell, que perde um pouco na parte científica,  mesmo toda essa tecnologia não estando longe dos desejos de alguns homens. Apesar disso, nos faz querer quebrar o bloco de vidro de materialismo no qual estamos submergidos. Não é o livro difícil que eu esperava, mas não deixa de ser aquele murro no crânio que a gente sempre espera de um livro, mesmo que inconscientemente.

A insustentável leveza do ser - Milan Kundera ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

Me apaixonei por Milan Kundera. E (thankyougod) não há mais volta. As passagens desse livro são tão belas que muitas vezes merecem uma segunda leitura. É magnífico o quanto o amor pode ser leve e pesado ao mesmo tempo, e o quanto isso depende de pessoa para pessoa. É indiscutível que cada um leva consigo o peso do seu próprio ser e o quanto isso delimita o modo como amamos. Livro para ler, reler e fazer com que mãe, amiga e tia também leiam. Indico.

Fim de fevereiro tem mais, afinal, comecei a ler outro livro do Kundera e mais um do absurdista francês Albert Camus e preciso compartilhar essas maravilhas literárias com o mundo!

Kundera manda beijos, já falei que to apaixonda?


"Sentiu um peso, mas não era o peso do fardo e sim da insustentável leveza do ser."
Kundera.

sábado, 19 de janeiro de 2013

As gotas da arte transcedental

A leitura e a atuação transcendem o próprio ser humano. Ler um bom livro e atuar num palco com plateia são atos destemidos, que fazem nosso peito se abrir para que a alma saia com a rapidez da língua de uma cobra. E nesse efêmero instante em que a alma está disposta ao mundo, frágil, ela engloba a si outras personalidades, por mais peculiares e estranhas que a ela possam parecer e com os sentimentos mais diversos que possam existir. Tudo isso é aceito pelo âmago, são as peças de um quebra-cabeça infinitamente em construção. E com esse encaixe, a alma volta trêmula e farta, com a rapidez mecânica de um estilingue em dia de caça. E essa existência repleta, retorna ao corpo derramando novas paixões, que serão o gás para a continuação da vida. O peito se fecha quase imediatamente, maravilhado com as sublimes gotas de arte, que agora escorrem pelo peito já fechado e instantaneamente cicatrizado.