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sábado, 27 de fevereiro de 2016

samba de guria

samba que vem na espera
faz o tempo se apressar
samba que vem no sábado
nunca cansa de tocar

na viola, seu paulinho
com waldir, o cavaquinho
no meu coração, 'tadinho:
um mundo de chorinhos

e nos ombros de guria que balançam
o esquecimento de todo aquele ranço
por todos aqueles que fingiram que não sambam

e na espera
vem vai vem (vai vem vai)
passo pra cá e pra lá
samba dança balança, lança
o corpo pra lá e pra cá
vem e vai e vem
e nunca para de sambar.

santa maria, fev. de 2016, ao som de cochichando interpretada por paulinho da viola




quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

jazz das paredes brancas

na árvore, o olhar e os traços
aqueles últimos de alguém que precisou de um maço,
pra soltar a amargura que parecia não ter fim.
e na garganta seca,
pousava a borboleta
que um dia no estômago dançou.
e no coração, em forma de mão,
dilatava-se o último murro de irritação 

cai como uma folha
e levanta,
sai a rolha, vem o vinho
o corpo gira e a saia começa a balançar
na sala vazia o jazz não para de tocar
e as paredes brancas sabem só rodar.

e nesses desencontros de um coração boêmio
perde-se no caminho a vontade de estar
de lo querer 
de lo amar

e no fim de uma corrida impressionante
em busca de si
(dele
das outras)
percebe-se risonha
e esquece, esquece uma porção
dessa grande
grande
desilusão

e lembra que nada supera
bailar jazz de pés descalços no chão.

na estrada de fred west a panambi, fevereiro de 2016.


Pintura de Michael Carson