Você diz que tem medo de altura, eu te levo em um dia de verão até a montanha mais alta, você espalha seu riso satisfeito pelas árvores. Então você me diz que ainda tem medo de altura, mas em dias frios é mais intenso.
Tento descobrir você, armando minha teia como uma aranha ao redor de um mosquito, devagar encontro todos os seus pontos, os fortes e principalmente os fracos, tão pouco palpáveis para quem não te conhece. Mas é necessário saber tudo isso e você sabe que sim.
Um dia você acorda dizendo que odeia azul-marinho e no outro estranhamente aparece em minha casa me mostrando um lindo vestido rodado que você experimenta pra mostrar apenas pra mim. Existe uma harmonia incrível com sua pele branca e pálida e a cor azul-marinho. Você sabe disso agora, e começa a adorar a cor.
Você é concisa e de uma objetividade tamanha que algumas vezes o melhor a fazer seria calá-la. Mas não quero isso, sua voz é pra mim um sinal de rebeldia, algo que me acompanha enquanto trabalho, enquanto estudo, enquanto caminho e dirijo.
Tem dias que acordo e não quero te ver, você me inebria me extasia. Percebo que eu simplesmente não preciso da minha cota diária de você e incrivelmente você também sabe disso.
Em um entardecer disse pra você o quanto o pôr-do-sol me deixava triste, você me disse pra não usar essa palavra. Não por que não gostava da tristeza, apenas por que a palavra melancolia era mais bonita e mais poética. Então eu deveria estar melancólico, e não triste.
Por alguns minutos fiquei bravo, mas passado alguns instantes eu já tinha aceitado a ideia e até pude fazer você rir com alguma piada qualquer que havia ouvido no escritório.
Embriaguei-me de você, do seu vestido azul-marinho e suas botas diárias cinza escuras, me deliciei com sua beleza, com sua excentricidade e com sua paixão pela vida.
Conheci seus pontos fortes, e seus pontos fracos. Abstrai tanto do que havia dentro de ti que me vi transformado em um mistura errônea, algo que não queria ser.
O sol se põe todo o dia e descobri que triste eu estaria todos os dias.