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sábado, 29 de dezembro de 2012

The master miss

Bebendo as últimas gotas.
Usufruindo dos mais tristes,
Os mais melancólicos
Detalhes que nunca voltarão.

No fundo do copo,
Dentro dele
Se integrando ao
Ao copo de nostalgia.

Café no sangue,
Música lenta,
Lama nas velhas botas.
Anacronismo antigo.

Regalia.
Lembrança.
Saudades,
Os misses que a vida nos dá.

E também que nos nega.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Mistério de Mistura

Em Panambi / RS

Dentro de exatamente cinco dias será um novo ano.
Dentro de exatamente dois dias descobrirei se passei no vestibular.
Exatamente um dia atrás era Natal.
Exatamente um ano ou mais para trás eu achava divertido tentar adivinhar o que eu iria ser.
Mistério.
Virei mistura.
E na mistura, loucura.
Sou de tudo um pouco.
E sou pouco, e sou um pouco de tudo que não sou eu.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Inverno de inferno


Ele não quer amar,
Ser primitivo que fica a bramar,
Diz-se moderno, tem medo de ar,
Ele não quer amar.

Quando o sol se põe,
Ele colhe uma flor.
Quando a noite cai,
Lamenta uma dor.

Ele tem um coração bucólico,
E finge ser meio profeta.
Nunca é triste, só melancólico,
Que é palavra pra dor de poeta.

Ele não quer amar,
Volta às antigas, querendo ser mau.
Fica à deriva, sem pedestal,
Ele não quer amar.

Numa viela, ele encontra um amor,
Detona orgulhoso todo o fervor.
Sozinho, medroso, se vira em terror,
Bárbaro, rústico, é medo da dor.

Ele não quer amar,
Como um leão, finge rugir.
O suor do seu corpo tenta fugir.
Ele ainda não sabe, mas vai amar.

Numa manhã de inverno,
Ele reconhece o natural.
Ele aceita todo inferno,
E faz de conta que amar é banal.

Ele decide amar,
Corre até ela, todo eriçado.
Pede um beijo, desventurado.
Ela não quer mais amar.

Ele vê-se perdido.
Com um coração sem glória.
Uma alma sem vitória,
Ele vira bandido.

Perdido.
Bandido sofrido.
Decidido.
E munido.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Remédio amargo

A doce pílula
Range entre os dentes
Rasga a garganta
Corrói o destino
Apaga o que foi.

Vazio, vazio, vazio...

Maldita no dia
Vingança invernal
Suje sua alma
Mantenha-se calma
Apaga o que foi.

Vazio, vazio, vazio...

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Ousado Sr. Outono

Vem a camareira.
Saia leve,
Olhos de seda.
Boca gentil
Mais tendência que "Brazil".

Sai do quarto escuro,
Sol da tarde se vai.
Mil passos até o nono,
Um sorriso tonto.
Suma, Sr. Outono.

Uma carta eternizada,
O pássaro sem endereço.
Uma lágrima sintonizada,
A procura pelo seu começo.
Um rádio desligado, ousado.

Em suma, suma Sr.
Saia e a leve.
Leve a saia.
Saia,
e leve.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Embriaguez


Você diz que tem medo de altura, eu te levo em um dia de verão até a montanha mais alta, você espalha seu riso satisfeito pelas árvores. Então você me diz que ainda tem medo de altura, mas em dias frios é mais intenso.

Tento descobrir você, armando minha teia como uma aranha ao redor de um mosquito, devagar encontro todos os seus pontos, os fortes e principalmente os fracos, tão pouco palpáveis para quem não te conhece. Mas é necessário saber tudo isso e você sabe que sim.

Um dia você acorda dizendo que odeia azul-marinho e no outro estranhamente aparece em minha casa me mostrando um lindo vestido rodado que você experimenta pra mostrar apenas pra mim. Existe uma harmonia incrível com sua pele branca e pálida e a cor azul-marinho. Você sabe disso agora, e começa a adorar a cor.

Você é concisa e de uma objetividade tamanha que algumas vezes o melhor a fazer seria calá-la. Mas não quero isso, sua voz é pra mim um sinal de rebeldia, algo que me acompanha enquanto trabalho, enquanto estudo, enquanto caminho e dirijo.

Tem dias que acordo e não quero te ver, você me inebria me extasia. Percebo que eu simplesmente não preciso da minha cota diária de você e incrivelmente você também sabe disso.

Em um entardecer disse pra você o quanto o pôr-do-sol me deixava triste, você me disse pra não usar essa palavra. Não por que não gostava da tristeza, apenas por que a palavra melancolia era mais bonita e mais poética. Então eu deveria estar melancólico, e não triste.

Por alguns minutos fiquei bravo, mas passado alguns instantes eu já tinha aceitado a ideia e até pude fazer você rir com alguma piada qualquer que havia ouvido no escritório.

Embriaguei-me de você, do seu vestido azul-marinho e suas botas diárias cinza escuras, me deliciei com sua beleza, com sua excentricidade e com sua paixão pela vida.

Conheci seus pontos fortes, e seus pontos fracos. Abstrai tanto do que havia dentro de ti que me vi transformado em um mistura errônea, algo que não queria ser.

O sol se põe todo o dia e descobri que triste eu estaria todos os dias.