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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Inverno de inferno


Ele não quer amar,
Ser primitivo que fica a bramar,
Diz-se moderno, tem medo de ar,
Ele não quer amar.

Quando o sol se põe,
Ele colhe uma flor.
Quando a noite cai,
Lamenta uma dor.

Ele tem um coração bucólico,
E finge ser meio profeta.
Nunca é triste, só melancólico,
Que é palavra pra dor de poeta.

Ele não quer amar,
Volta às antigas, querendo ser mau.
Fica à deriva, sem pedestal,
Ele não quer amar.

Numa viela, ele encontra um amor,
Detona orgulhoso todo o fervor.
Sozinho, medroso, se vira em terror,
Bárbaro, rústico, é medo da dor.

Ele não quer amar,
Como um leão, finge rugir.
O suor do seu corpo tenta fugir.
Ele ainda não sabe, mas vai amar.

Numa manhã de inverno,
Ele reconhece o natural.
Ele aceita todo inferno,
E faz de conta que amar é banal.

Ele decide amar,
Corre até ela, todo eriçado.
Pede um beijo, desventurado.
Ela não quer mais amar.

Ele vê-se perdido.
Com um coração sem glória.
Uma alma sem vitória,
Ele vira bandido.

Perdido.
Bandido sofrido.
Decidido.
E munido.

2 comentários:

  1. Muito bom. Que sorte conhecer esse belo poema, e posteriormente o seu blog, pelo Literatortura :)

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    1. Muito obrigada Brenda! Seja bem-vinda ao Procurando Violet (:

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