Lilly tinha mania de grandeza sexual. Não era um beijo no rosto, não era um abraço apertado, não era um aperto de mãos. Eram segundas intenções.
Quando a noite caía, Lilly costumava sair de casa e passear ao relento. Ia sozinha e mesmo nos dias frios, sem nenhum agasalho. Na visão de Lilly, sair sem agasalho era essencial para caminhar à noite; queria sentir frio. Sentir alguma coisa. Sentir que precisava ser amparada.
A pele arrepiada, os lábios trêmulos, as tentativas irriquietas do próprio corpo tentando se aquecer. Para ela, tudo isso fazia parte da doce aventura de estar viva. E enfim, não sentir-se mais tão só.
Lentamente, ela era embalada pelo frio, e quando chegava em casa, Lilly dormia. Dormia um sono profundo, um sono leve, um sono que só aqueles que amamos podem nos dar.
Lilly amava o frio.