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sábado, 23 de fevereiro de 2013

Lilly


Lilly tinha mania de grandeza sexual. Não era um beijo no rosto, não era um abraço apertado, não era um aperto de mãos. Eram segundas intenções.

Quando a noite caía, Lilly costumava sair de casa e passear ao relento. Ia sozinha e mesmo nos dias frios, sem nenhum agasalho. Na visão de Lilly, sair sem agasalho era essencial para caminhar à noite; queria sentir frio. Sentir alguma coisa. Sentir que precisava ser amparada.

A pele arrepiada, os lábios trêmulos, as tentativas irriquietas do próprio corpo tentando se aquecer. Para ela, tudo isso fazia parte da doce aventura de estar viva. E enfim, não sentir-se mais tão só.

Lentamente, ela era embalada pelo frio, e quando chegava em casa, Lilly dormia. Dormia um sono profundo, um sono leve, um sono que só aqueles que amamos podem nos dar.

Lilly amava o frio.

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