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sábado, 30 de maio de 2015

[é que ao tentar]

é que ao tentar
de tanto tentar me canso
e nas horas perdidas em desalento, danço.

e ao sorrir,
de me rir, descanso,
e entre versos apertados
me deixo parar, tento levar
portanto.

e quando acordo,
de tão sensata me encanto,
que mentira diria
é tudo
tão tudo
uma grande história
cheia de irias, virias, podias...

é a luz maldita que delata a cor do dia
que levanta o pobre homem que não queria
que atormenta as estradas, suadas, as ferrovias enferrujadas.

são as cores pela janela que não passam de uma projeção amarelada,
que pintam a cidade, os cortiços, as bebidas esquecidas de outro dia
que tiram o quarto daqueles que não tem casa, que tiram de casa aqueles
que tem trabalho, que mexe naquilo que pode ser tudo, que não é nada
que coisa, maldita luz do dia.

e há, outra vez,
há outra vez a fala contida, o aperto na ida,
a tristeza na volta
e desculpas,
desculpas por não ter vivido
da maneira mais ilusória como um velho filme francês
fui como um novo vinho comprado aos passos rápidos no armazém da esquina. desculpe.
desculpe
desculpe não ter vivido o dia
da maneira como minha geração queria.
desculpe a covardia.
não fiz tudo que podia.

Santiago de Chile '15

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