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sexta-feira, 27 de maio de 2016

em cada violência: luta, força e resistência

uma ferida aberta
no coração de cada irmã
que de longe, ainda que sã
tenha ouvido da tua dor

uma lágrima de raiva
no rosto de cada mana
seja ela:
ana
juliana
joana
ou mariana
que na própria feição
faz escorrer tua aflição

um nó apertado
na garganta de cada uma
cada mona,
cada mina,
que aprendeu
que para viver
é necessário
ter mais que rima
mais que sina
não importa se está acima
se está por cima
ou tem estima
há sempre a chance
a velha chance
de ser a próxima vítima

porque esquecem no caminho
que nosso corpo nos pertence
(e não importa se és bonitinho
ou arrumadinho)
temos sempre que relembrar:
a nossa independência
vai muito além de qualquer complacência.

porque trinta e três!
trinta e três! é número que
em cada uma
em cada nós
em cada manas
chocou, assustou
e imprimiu terror

mas longe de nos acanharmos:
choca e empurra pra luta!
assusta e o grito é de luta!
aterroriza e nos faz ter mais luta!

cada ferida, cada lágrima e cada nó na garganta
pelas irmãs que na violência
ainda têm força e resistência
para que um dia saibam
que atrás de cada dor
há 33 vezes 3
manas lutando
com cada vez mais vigor!

a ilustração é da artista dani acioli

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