Aqui vão as leituras de março!
Perturbador. Foi como se tivessem me puxado pelo colarinho com uma máquina de pegar ursinhos e me levado para dentro do mundo de Alex. Esse garoto maluco, doido e projeto de um estado terrivelmente forte. As palavras novas criadas pelo autor ajudaram nesse estranhamento, fazendo a leitura se tornar densa no começo. O estranhamento não passa totalmente ao longo do livro, mas o faz se tornar incrivelmente original. Com Laranja Mecânica fechei meu trio distópico (1984 e O admirável mundo novo) e percebi que não sou livre, você não é livre, ninguém é livre. Agora é só descobrir as amarras que me prendem, indico.
A valsa dos Adeuses de Milan Kundera ♥ ♥ ♥
Quase dancei ao ler esse livro. As histórias se entrelaçam de tal maneira que realmente senti estar em uma valsa. Esterilidade, aborto, existencialismo e falsa compaixão, esse livro envolve tudo isso. Até onde vamos por um amor, pelo amor próprio e por aqueles que pensamos amar? Não é o melhor livro de Kundera, mas a leitura foi fácil e rápida, principalmente pela história se passar em apenas cinco dias.
Ninguém escreve ao Coronel de Gabriel García Márquez ♥ ♥ ♥ ♥
O quanto a burocracia pode travar uma vida? O coronel espera há anos por sua aposentadoria que nunca chega, seu filho morreu e sua mulher vive doente. Tudo que ele tem é um galo de briga e uma casa hipotecada. Toda sexta-feira o coronel vai até o correio ver se sua aposentadoria chegou e nunca há nada para ele. Quase um conto de tão curto, história emocionante e triste.
A brincadeira de Milan Kundera ♥ ♥ ♥ ♥
Senti o peso que esse livro teve na época em que foi publicado, contém críticas duras ao comunismo e tudo que acontecia nas entranhas de Praga quando a Rússia a invadiu. Kundera é o rei de como envolver história, política e amor em um só livro. Como é um dos primeiros livros escritos por ele dá pra perceber claramente a distância da escrita desse livro até o que eu considero sua obra prima, A insustentável leveza do ser. Indico, sem dúvidas, mas a diferença desse para seus outros livros é gritante.
Gabriel García Márquez |
"Mas quem era eu de fato? Sou obrigado a repetir: eu era aquele que tinha muitas caras. Durante as reuniões, era sério, entusiasta e convicto; desenvolto e brincalhão em companhia dos colegas; elaboradamente cínico e sofisticado com Marqueta; e, quando estava só (quando pensava em Marqueta), era humilde e encabulado como um colegial. Essa última cara seria a verdadeira? Não. Todas eram verdadeiras: eu não tinha, a exemplo dos hipócritas, uma cara autêntica e outras falsas. Tinha muitas caras porque era moço e porque não sabia eu mesmo quem era e quem queria ser."
Milan Kundera em A brincadeira
Bom, minhas férias acabaram, estou me mudando e segunda já me cadastro na Biblioteca Municipal de Santa Maria... Mas não espero muito de mim nos próximos meses, sério, 12 livros lidos só esse ano, haja fôlego e amor no coração!