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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

jazz das paredes brancas

na árvore, o olhar e os traços
aqueles últimos de alguém que precisou de um maço,
pra soltar a amargura que parecia não ter fim.
e na garganta seca,
pousava a borboleta
que um dia no estômago dançou.
e no coração, em forma de mão,
dilatava-se o último murro de irritação 

cai como uma folha
e levanta,
sai a rolha, vem o vinho
o corpo gira e a saia começa a balançar
na sala vazia o jazz não para de tocar
e as paredes brancas sabem só rodar.

e nesses desencontros de um coração boêmio
perde-se no caminho a vontade de estar
de lo querer 
de lo amar

e no fim de uma corrida impressionante
em busca de si
(dele
das outras)
percebe-se risonha
e esquece, esquece uma porção
dessa grande
grande
desilusão

e lembra que nada supera
bailar jazz de pés descalços no chão.

na estrada de fred west a panambi, fevereiro de 2016.


Pintura de Michael Carson


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