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terça-feira, 7 de agosto de 2018

Sobre deixar as coisas na areia e entrar no mar gelado

Meu 23º ano de vida começou ensolarado, com vento nas costas e mergulho no mar gelado.

Comecei meu novo ciclo me lembrando da importância da vida-morte-vida. Que sou cíclica, de corpo e de alma. Sou feita de dança, sonho e de riso. Mas também de silêncio, de pés firmes na terra e, quando necessário plantar a muda que será raiz, de mãos na terra também. E dessas coisas de terra e coração, comecei o ciclo - esse tempo de reflexão - lembrando que há coisas que semearei e cuidarei para que renasçam/floresçam e outras que deixarei morrer.

Além, nesse dia ensolarado, comecei tendo consciência da importância de uma vida feita à mão, de permitir e colocar meu toque naquilo que faço e vivencio. E não me culpar por isso. Tendo ciência do que me move, quais são minhas paixões, minhas lutas; qual a poesia do meu viver. Sabendo que sou uma pessoa que se afeta com a vida, se entrega e se emociona com o barulho do mar, com um filme, um livro, um ato de potência, com uma palavra, um gesto, com um corpo que dança, com uma poesia.

Mas mais importante: sentindo que nesse novo ciclo é necessário ser auto-responsável diante do que já sei sobre mim, não traindo quem sou e sendo sincera em ações e sentimentos. É bonito e não é fácil. Por isso fiz ontem o exercício de deixar as coisas na areia e entrar no mar gelado. O que também é uma metáfora singela para algo tão difícil: deixar ir, permitir que morra, reconhecer a ciclicidade da vida e me jogar no desconhecido. E sair renovada. Mas nunca determinada, porque a vida também é lugar em que a mudança é constante, em que históricxs caminhamos. Por isso inciei o dia de ontem lembrando dos meus compromissos com a vida, com meus sonhos e quereres e tranquila em dizer que, no dia de amanhã, não há problema em ter que relembrar tudo isso novamente. Permito assim que flua o "rio abajo rio", aquele em que consigo ser eu mesma.

Como é bom saber disso tudo no dia de hoje, é bom estar na vida, esse lugar de aprender!, lugar de sentidos, de aprender a ser humilde, a ser terna. Pelas palavras de Sosa: gracias a la vida que me ha dado tanto! Gracias aos laços que criei com tantos seres maravilhosos/as que tenho compartido tanto!


Campeche - 06/08/2018

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